sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Opinião de Carla Martins


              Um político é…um velhinho que sai do poço…

…mas que ao invés se ser a mítica personagem que assusta as crianças é o novo vilão na vida dos graúdos.
Fui do tempo em que ser político seria a possibilidade perfeita de dar exemplo, uma oportunidade para transformar, revolucionar e fazer crescer esta pedra preciosa em bruto que é o nosso país.
Hoje sou do tempo em que ser político é ser achincalhado, catalogado e criminalizado…o verdadeiro alvo a abater.
Não posso assistir a esta mudança de paradigma sem que me surjam algumas perguntas:
Se queremos aniquilar os políticos da face da terra, que modelo pretendemos? Uma monarquia? Uma ditadura? Ser geridos pelo exército?
Que futuro queremos dar aos nossos descendentes? Como é que lhes vamos explicar porque é que eles não têm presente nem futuro?
Eu acredito que eles podem ter presente e futuro, eu acredito na democracia, acredito nas pessoas, acredito na nobreza da dedicação, acredito que quando um grupo de jovens abdica de fins-de-semana, férias, horas de descanso, com a família, com os amigos, com os namorados para fazer vários km num ronda de vaquinhas para suportar despesas, para ir ouvir falar de educação, agricultura, orçamento de estado, administração local, autarquias, economia…que tudo isso não faz de nós seres desprezíveis , mas sim pessoas que devem no mínimo ser respeitadas pela sua dedicação, pela sua determinação em serem pessoas informadas, ativas e empenhadas em deixar uma marca, uma marca pela mudança, lapidando esta pedra em bruto, para que se possa deixar a nossa história um pouco melhor do que quando a encontramos. Afinal, se tudo estivesse bem, para que seriam necessários políticos?
Sou vice-presidente de uma secção da JSD, sou vice-presidente da Regional da JSD, sou conselheira nacional, sou membro da assembleia de junta de freguesia da qual recebo 54€ por ano. Agora que descrevi o meu processo criminal, há um grito mudo dentro de mim, há um turbilhão de mágoa que cresce, porque sinceramente: “EU NÃO SOU TACHISTA, EU NÃO SOU CRIMINOSA…EU SOU PELA MINHA TERRA”!
Tenho este percurso na política, tal como tenho no associativismo da minha terra e do meu concelho, tal como nunca viro as costas quando me pedem para estar presente, sempre que eu saiba que posso efetivamente acrescentar alguma coisa. Quando assim não for, sairei…
E da política, acreditem, apetece sair quase todos os dias, piorando este estado de espírito de cada vez que leio, oiço ou sinto na pele o olhar pejorativo, a crítica fácil: o BULLYING!
E a todos aqueles que estão desiludidos com a política…eu também o fico muitas vezes, mas é por ter a certeza que sou diferente nos motivos que me movem e de que há muito a fazer que saio do conforto do lar na esperança de puder ajudar, com a consciência das minha limitações e capacidades. E há tanta gente que teria tanto para dar…Se todos pudermos ser diferentes, o todo será melhor. Mas se se continuar a apontar o dedo de modo aleatório sem se saber ao certo absolutamente nada sobre a pessoa, o cargo que tem, ou que aufere disso… o que vamos conseguir é afastar da política quem tem  convicções nobres para que fiquem os tais…aqueles que pouco se importam com o que dizem, mas que pela seleção natural dos que não aguentam a pressão, acabam por mandar em nós, no nosso futuro…ou na falta dele!
De forma muito simplista, quero explicar que por achar que o percurso atual é o mais difícil de suportar atualmente mas que será o que mais florescerá no futuro e de forma mais rápida, que sou convicta na defesa dos meus ideais. Não quero que concordem comigo, quero somente que se informem nos centros certos, que não se deixem iludir pela informação que vos chega (toda ela foi transformada de forma a fazer-vos pensar de uma forma específica), sejam pro-activos na busca da informação. Sempre que ela não vos agradar…arregacem as mangas e defendam as vossas ideologias.
Conheço alguém que foi presidente da junta de freguesia numa altura em que recebia 2000$ por mês (10€), numa altura em que a maioria das localidades não tinha água canalizada, nem estradas alcatroadas, numa altura onde sem aplausos ou "obrigados" fez muito pela sua terra e pelas suas gentes por um verdadeiro amor à camisola. E 8 anos depois, sem existir uma lei de limitação de mandatos, decidiu passar o testemunho, (reconhecendo que não é no monopólio de poder que se constroem sociedades e se deixam legados) mesmo que, na altura em que deixou a junta, o valor mensal já triplicasse o inicial. Esse alguém é o meu pai, esse é o meu modelo, essa é a medida por que me meço. Eu e tantos outros que são achincalhados e mal-tratados em cada oportunidade.
As gerações vindouras vão agradecer a quem puder ter feito algo pelas suas vidas e esquecer quem optou por simplesmente…criticar.

Carla Martins, Vice - Presidente da JSD / Regional de Leiria